Desde que me entendo por gente,
acidentes domésticos fazem parte de minha rotina. Agarrava-me à esperança que
com o passar dos anos isso melhorasse... doce ilusão, constato que cada dia estou
ficando “melhor nessa arte”! Estou pra ver pessoa tão desastrada quanto eu, já
cometi cada proeza, paguei cada mico que às vezes duvido como é que consegui.
Em minha infância vivia com os
joelhos ralados, nem dava tempo um ferimento cicatrizar que rapidamente eu
providenciava outro. Era queda de bicicleta, unha esmagada na gangorra, braço
ralado de queda em janela, dedo imprensado em porta... enfim era tanta coisa,
que pra idade seria até normal. Mas daí que cresci, quer dizer fiquei mais
velha, e continuei me despedaçando, enfio o dedo no próprio olho, esbarro em
objetos, deixo-os cair de minhas mãos com enorme frequência, me firo com as
próprias unhas, quando estou na cozinha, misericórdia, aí é que é a coisa toma proporções
mais sérias, facas, essas danadas tem obsessão em cortar meus dedos.
Outro dia, borboleteando entre
face e estudo, bateu aquela fominha costumeira da madrugada, daí que eu fui
providenciar alguma coisa pra comer, até aí tudo bem, o problema e que enquanto
pegava uma panela todas as outras em solidariedade com sua companheira, decidiram
vir juntas, nem preciso falar o barulho que foi. Além de acordar os da casa
deve ter também assustado os vizinhos.
Mas os desastres não param por
aí, já passei por coisa mais séria, consegui cair da escada do sexto andar; já
cai da cama enquanto dormia, já enfiei um prego no pé (dói só em lembrar);
moeda já foi parar em meu sorvete... Não sei se nascemos ou nos tornamos desastrados,
só sei que depois do tombo, do mico, dá até pra garantir umas risadas.